12/07/2010

16º dia – 21/01/2010 – Quinta-feira

Vale Sagrado dos Incas
Às 8h já estávamos no ônibus para o passeio ao Vale Sagrado dos Incas. Fazia frio e o céu estava totalmente encoberto, mas não chovia. Para irmos em direção a Pisaq passamos muito próximo as ruínas incas que visitamos no dia anterior e seguimos viagem. Em alguns pontos percebíamos a queda de pequenas barreiras de terra e pedras sobre a pista ocasionadas pelas chuvas da noite anterior, mas nada que nos preocupasse. Rápida visita a uma feira de artesanato têxtil inca em um pequeno povoado a beira do caminho. Pouco adiante paramos estrategicamente num mirante natural de onde podíamos avistar todo o vale sagrado repleto de plantações de maíz (milho). O rio Urubamba corria entre a plantação e a pista onde passaríamos em instantes após descermos a montanha com várias curvas em ziguezague. Uma riqueza sem tamanho todo aquele vale cultivado, pois ali é produzida a melhor variedade de milho do país. Descemos até o vale e subimos outra montanha, onde se localiza a ruína e as terrazas de Pisaq. A quantidade de terrazas e sua organização impressionam, vão desde o topo até a base de algumas montanhas. Caminhamos até Canchis Racay (Las Siete Cabanas) uma região de Colcas (armazéns) com interessantes muralhas de defesa. Aqui as construções são feitas de pedras com barro e não aquelas muralhas de encaixe secas. Após descemos até a praça da pequena Pisaq onde no mercado organizado por indígenas é feita a transação comercial através do trueque (troca de produtos). É incrível como conseguem trazer tantos produtos que ficam a exposição ali ao ar livre, quando muito protegidos por um teto de lona. Havia produtos frescos como ovos, cenoura, abóbora, tomate, milho, banana, uvas, batatas, cebolas, alface, brócolis e o mais incrível peixes e galinhas recém carneados ali na presença do público. Havia também o choclo (milho cozido com um pedaço de queijo) muito popular na região. Encontramos também duas bancas vendendo um pó de uma coloração muito viva e bonita que não sabemos para o que serve ou em que é utilizado. Há venda de bijuterias e artesanatos também. Fomos conhecer o trabalho de uma indústria da prata, fica a umas duas quadras da praça, pois é um setor bastante forte na região. É um trabalho bastante delicado e demorado até se obter o produto final. Explicaram como reconhecer uma prata verdadeira da falsa e observamos como eles trabalham as peças que depois decoram com pedras da região. Saímos encantados com a beleza do produto. Na rua a chuva fina veio nos fazer companhia mesmo sem ter sido convidada. Na praça os negócios continuavam e parecia que não se importavam com a chuva fina que caia. Seguimos até a cidade de Urubamba que é considerada o coração do vale onde estava agendado o almoço. Não chegamos a visitar a cidade, mas parece ter boa infra-estrutura de hotéis e restaurantes de várias categorias. O almoço estilo buffet estava muito gostoso sem falar na sobremesa. O restaurante, num jardim, tinha uma decoração muito interessante. Pés de milho plantados ao longo da calçada que conduzia ao buffet. Gostei, pois mais característico impossível. Também havia várias espécies de flores que renderam belas fotos ao Álvaro. Seguimos viagem a Ollantaytambo e a chuva deu uma trégua. Fomos conhecer as terrazas que tem uma escadaria que leva ao topo, esta é perfeitamente alinhada com as terrazas parecendo uma cópia em miniatura em meio a elas. Lá no alto há seis enormes blocos de pedra rosada que não são originais da região e não se sabe ao certo como foram levadas até lá e por quem. Ficou um monumento inacabado onde algumas das enormes pedras com mais de três metros de altura e pesando toneladas estão perfeitamente cortadas e encaixadas, porém outras ficaram pelo chão. No alto da montanha oposta construíram colcas (armazéns) praticamente sem acesso. Mas era neste local de fortes e frios ventos que encontraram a temperatura ideal para a perfeita conservação dos cereais. Nesta mesma montanha, muito próximo das colcas, foi esculpido o rosto de Wiracochan o Tunupa com cento e quarenta metros de altura. Era considerado o enviado de Wiracocha, dotado de grande conhecimento e maestro do tempo, personagem de sobrenatural poder. Hoje chamado “El rosto Del Inca” pelos moradores locais. A cidade de Ollanta é o símbolo perfeito da cultura mestiça que une, sem misturar, a arquitetura inca, colonial e republicana de um modo puro e natural. O traçado das ruas continua o mesmo do tempo inca bem como os canais de água que corre a frente da porta de cada casa e quem estiver precisando deste tesouro só precisa se servir. Encerramos a visita guiada às 16h30min, pegamos nossos pertences para daqui a duas horas seguirmos de trem aqui da estação de Ollanta até Águas Calientes. O grupo seguiu de volta a Cuzco e nós fomos caminhar pelas ruas estreitas e surpreendentes da cidade. Atrás dos muros das casas existe um pátio interno onde criam galinhas e porcos soltos. Levam uma vida bastante simples e são simpáticos com os turistas passeando em frente a sua porta e fotografando tudo. Passamos no mercado público onde aproveitamos para comprar frutas e conversar com os moradores locais. Retornamos a praça que fica do outro lado do rio que divide a cidade e estrategicamente está localizada em frente à entrada do santuário de Ollantaytambo que agora estava deserto, pois os tours todos já haviam partido. Assim também a feira que ocorre na praça agora estava menos movimentada permitindo admirarmos os produtos com mais tranqüilidade. Enquanto o Álvaro negociava a compra do primeiro livro adquirido sobre a história de Cuzco levamos um pequeno susto. Um senhor desfilando com um boi enorme, segurando-o por uma corda, pára bem ao lado da tenda onde estávamos e os moradores vão observar o animal em exibição mais de perto. O animal se assusta e quase não conseguem controlar o bicho, todos saem correndo até a situação se normalizar e retirarem o boi. Depois descobrimos que o boi era o prêmio que os feirantes ganharam numa rifa e que acabavam de recebê-lo. Já ficamos imaginando aquele churrasquinho de final de semana. Seguimos até a estação, começava a anoitecer e tivemos que esperar alguns minutos até os portões abrirem. Havia moradores locais, mochileiros e turistas com finas malas, todos aguardando pelo mesmo trem e com o mesmo destino Águas Calientes. Não sei se os moradores locais têm vagões específicos para eles, mas no nosso vagão não viajou nenhum. Quando partimos já havia escurecido totalmente e infelizmente não conseguimos ver nada da paisagem, apenas sentimos o balançar do trem sobre os trilhos. Na chegada esperava-nos um rapaz segurando uma plaquinha com nossos nomes e que nos conduziu até o hotel. Ele nos informa que nesta época está bastante difícil conseguir visitar Wayna Picchu, pois há muitos turistas na cidade e estão subindo a pé muito antes do início da subida das vans para garantir sua senha. Instalamo-nos, jantamos no hotel e brindamos com uma cervejinha nossa chegada até aqui. Amanhã cedo veremos o que fazer, será o grande dia.


2 comentários:

  1. Que colorido...que imagens...que aventura...que desafio...que mensagem de VIDA mundo afora...
    Abraço

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  2. Somos um casal de Porto e também estamos querendo viajar de moto no próximo verão! Obrigado por compartilhar a linda experiência e servir de motivação para outras pessoas. Parabéns.

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