18/08/2010

20º dia (Parte II) – 25/01/2010 – Segunda-feira

Cuzco – PE a Puno – PE
- 390,7km percorridos
- aproximadamente 11h de viagem
- consumo: 16,14km/l
- 2 abastecimentos: (Santa Rosa – PE; Puno – PE)
- Hotel: Balsa Inn

Surpresas agradáveis outras nem tanto – Parte II
Ruína de Raqchi
Rodamos mais uns 60 km e chegamos ao acesso da Ruína de Raqchi. A estrada era de terra e estava com bastante lama e escorregadia. A chuva havia dado uma trégua nesta última hora e a viagem foi bastante tranqüila. Compramos nosso ingresso a dez soles e contratamos um guia para nos acompanhar. Esta ruína chama a atenção primeiramente por ser numa área plana e por este motivo não há terrazas. O complexo arqueológico é caracterizado por sua estranha e extraordinária técnica arquitetônica, totalmente diferente das demais construções incas. Todos os recintos são construídos com pedras vulcânicas e somente o templo de Wiracocha tem a pedra finamente trabalhada e possui colunas redondas. Todas as portas, janelas e muros são em forma de trapézio para resistirem a abalos sísmicos e as paredes receberam uma fina camada de argila avermelhada. As colcas (armazéns) aqui são construções circulares com um diâmetro de oito metros e quatro metros de altura. Foram construídas com as pedras vulcânicas e unidas com barro, possuem uma entrada muito estreita e duas pequenas janelas, o telhado é em forma cônica e coberto por uma fina palha. Somente algumas das cento e cinqüenta e seis colcas foram totalmente restauradas. Todas elas construídas muito próximas umas das outras. Há uma muralha que cerca o complexo com cinco quilômetros de extensão, três metros de altura e dois metros e meio de largura, possuindo uma entrada e uma saída. A função desta muralha não se sabe ao certo, mas acreditam que servia como controle social e para que as lhamas pastassem na montanha dentro da muralha. Há também uma lagoa artificial em forma de meia lua e sua base foi toda construída com pedras vulcânicas bem lisas. Muito interessante. Ao lado do complexo há várias casas e os moradores cultivam plantações dentro dos limites do complexo arqueológico. Na entrada construíram uma igreja católica também em pedra vulcânica no final do século XVIII e no pátio em frente à igreja os moradores montam suas tendas e vendem seu artesanato. Aproveitamos para comprar umas lembrancinhas incluindo um livreto (mais um para a coleção do Sr. Álvaro) sobre a história da Ruína de Raqchi e seguimos viagem.

O branco da neve
O asfalto se encontrava a partir dali, em estado regular, às vezes com algumas pedras caídas sobre a pista o que fazia o Álvaro pilotar com bastante atenção. Continuamos vendo um rio bastante caudaloso correndo ao lado da estrada. Vários prejuízos causados pela inundação em pequenos vilarejos e até cidades um pouco mais populosas. Casas inundadas ou destruídas, pontes que foram levadas com a violência das águas deixando os moradores isolados e plantações inundadas eram imagens constantes. Muitas pessoas especialmente Cholas com seus trajes característicos e crianças sentadas na beira da rodovia. Com quase uma hora de viagem começavam a surgir alguns picos nevados lá ao longe. A cada curva as montanhas ficavam mais brancas. Em instantes tudo tinha ficado branco, coberto pela neve. Os trilhos do trem que corriam ao lado da estrada se destacavam pelo acúmulo de neve em relação à vegetação ao seu redor. Uma imagem belíssima e nós estávamos maravilhados, pois mesmo quando fomos a Ushuaia não encontramos tanta neve. Paramos para curtir a paisagem e tirar algumas fotografias. O gelo que estava sobre a pista recém havia derretido, pois ainda conseguíamos ver a sua evaporação. Comentei com o Álvaro que devíamos estar muito próximos do ponto mais alto deste trecho chamado Abra La Raya com 4.335 m.s.n.m. divisa entre a região de Cuzco e Puno. Voltamos à estrada e em cinco minutos chegávamos a esta divisa onde moradores aproveitavam para vender seu artesanato. A neve acumulada era tanta que fizeram vários bonecos e lhamas de neve e um deles até com direito a cachecol. Mais algumas fotos e seguimos viagem, pois já eram 14h e 30 minutos e não sabíamos o que mais nos aguardava na estrada até o nosso destino e ainda nem estávamos na metade do caminho.
OBS: o relato deste dia continuará no post seguinte.


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