25/07/2010

18º dia – 23/01/2010 – Sábado

Cuzco e seus encantos
Fomos à oficina pela manhã conforme estava combinado para retirarmos a moto. A parte mecânica estava pronta, porém o disco de freio traseiro eles não encontraram nem no chamado mercado negro (paralelo). Estavam a nossa espera para ver se aceitaríamos fazer uma solda na peça. Garantiram que chegaríamos a Porto Alegre com o material que seria usado e viajaríamos tranqüilos. Combinamos de pegar a moto no final da tarde. O tempo estava nublado, mas com algumas aberturas de sol e a temperatura muito agradável. Saímos a passear sem destino pela cidade, subindo e descendo ladeiras, conhecendo um pouco da rotina dos moradores. A cidade tem quase todas as construções de dois andares e todas são com telhas de barro, então da parte mais alta da cidade se enxerga um tapete alaranjado formado por estes telhados coloniais: muito interessante. Também se destaca a praça de armas, muito bem cuidada e florida, um dos poucos espaços livres em meio aos prédios. Local onde os moradores gostam de sentar e curtir o sol. Percebia-se o estrago que as chuvas estavam provocando na cidade, pois havia vários muros de casas que desmoronaram. Como são feitos de tijolos de barro e palha absorvem muita água e acabam se desmanchando. Fomos conhecer o Museo Inka, que fica a duas quadras da praça de armas, também conhecido como o Museu Arqueológico de Cuzco. O edifício foi o palácio do Almirante Francisco Aldrete Maldonado, é um dos mais belos casarões coloniais de Cuzco, com um portal soberbamente ornamentado indicando a importância de seu proprietário. A mansão foi construída em cima de um palácio Inca no início do século 17. O museu arqueológico possui uma coleção de múmias incas, cerâmicas, têxteis, vasos, jóias, modelos arquitetônicos e uma coleção interessante (fama de ser a maior do mundo) de vasos de beber Inca, esculpidos em madeira e meticulosamente pintados. O ingresso custa dez soles, tem um guia para te acompanhar e explicar toda a história, claro que mediante a um agrado financeiro. A visita dura pouco mais de uma hora e as explicações que são passadas durante todo o percurso são muito interessantes. Pena não ser permitido fotografar em seu interior. Uma pausa para o almoço de um menu turístico e voltamos ao nosso passeio. Fomos conhecer a pedra dos doze ângulos e o artesanato existente em várias galerias próximas. E para não fugirmos a tradição fomos até a praça de armas curtir um pouco de sol e a energia do lugar. Continuamos nosso passeio pelas ruas da cidade e fomos visitar o museu Qorikancha que fala da cultura inca e pré-inca. O ingresso é com o boleto turístico, mas gostamos muito mais do museu inca. Quando saíamos do museu começou a chover e voltamos de táxi para o hotel. Aproveitamos para descansar e atualizar o blog, pois ainda faltava uma hora para retirarmos a moto da oficina. Chega o Christian para nos acompanhar até a oficina e ver se ficou tudo certo. A oficina Pana Sur Motors, cujo proprietário é o senhor David, atende toda a frota de motos Honda da polícia local. O site dele é www.hondacusco.tk, profissional muito sério e competente. Voltamos ao hotel de táxi e o Álvaro nos acompanhando de moto, como era a hora do “rush” o taxista pegou outro caminho para fugir do tráfego intenso. Entrou por uma rua que era de mão dupla, mas só passava um carro por vez, tendo que cada motorista cuidar do fluxo, pois não havia sinaleira no local. Atravessou ruas movimentadas sem preferencial, ganhando quem buzinasse mais e tivesse mais audácia para ir se enfiando na frente do outro carro. Eu com o coração na boca preocupada com o Álvaro de moto e como se não tivesse adversidade suficiente começa a chover intensamente. Fico mais aliviada quando reconheço a rua que dá acesso ao hotel pelos fundos. Moto guardada na garagem que não é lá aquela maravilha, aliás, um lixo e o proprietário muito mal educado. A garagem fica numa espécie de quintal de um bar repugnante e seu piso é formado por pedras muito grandes e redondas e que com a chuva ficam muito lisas dificultando as manobras (em Cuzco acomodações com garagem é artigo raro). Depois de um banho relaxante começamos a juntar nossas bagagens para na manhã seguinte voltarmos à estrada. À noite, a Rocio chega ao hotel para nos passar os contatos em Puno e La Paz na Bolívia que seriam nossos próximos destinos. Ela nos conta que a defesa civil fechou o acesso a Machu Picchu devido às intensas chuvas e que não há previsão de ser reaberto para visitação. Ficamos assustados com a notícia, pois no dia anterior estávamos lá. Faz trinta anos que não chove tanto na região. Para o lado que viajaríamos no dia seguinte as coisas estavam tranqüilas e poderíamos seguir sem problemas. É impressionante como é o destino, pois muitas vezes no caminho falávamos que eram regiões tão belas por onde estávamos passando que mereceriam mais tempo para conhecermos tudo. Se tivéssemos demorado um dia a mais em qualquer destes belos locais, não teríamos tido a oportunidade de conhecermos Machu Picchu que era o nosso grande objetivo ou teríamos ficado ilhados em Águas Calientes como muitos turistas ficaram. Muitas vezes acontecem fatos que não entendemos na hora, mas vamos descobrir mais adiante e agradecer por isso. Ainda bem que sempre tem a mão divina nos guiando. Quase não conseguimos sair para jantar, pois chovia intensamente. Com tudo pronto para pegarmos a estrada pela manhã fomos dormir com muita chuva caindo.


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