06/05/2010

9º dia – 14/01/2010 – Quinta-feira

- San Pedro de Atacama – CL a Iquique – CL

- 529 km percorridos

- Aproximadamente 11h de viagem

- Consumo: 17,34 km/l

- 4 abastecimentos: (Calama – CL; Chuquicamata – CL; Tocopilla – CL; Iquique – CL)

- Hotel: Hotel de La Plaza

Acordamos mais tarde do que de costume mesmo seguindo viagem nesta manhã. Levantamos, carregamos a moto e fomos tomar nosso café da manhã no Salon de Te 02 e passeamos um pouco pela cidade para mais algumas fotos. Antes de pegarmos a estrada precisávamos abastecer e lá fomos nós com um mapa na mão para encontrarmos o posto, pois é bem escondido no meio da cidade. Já na saída uma parada para a foto na placa de bem vindo a San Pedro que não poderia faltar, agora sim estávamos prontos para enfrentar a estrada. A parte inicial da estrada já conhecida nossa dos passeios que fizemos a bordo das camionetes, porém agora de moto com uma visualização muito melhor, você se sente parte da natureza. Algumas curvas e vamos ganhando altitude para atravessar a Cordillera de Domeyko e após alguns quilômetros somente se enxerga uma reta sem fim cortando o deserto. A moto começa a perder força e lembramos que havíamos recolocado o snorkel do filtro de ar quando chegamos a San Pedro para evitar que o vento levasse areia para dentro do filtro. Uma parada para retiramos o snorkel e seguimos viagem, tudo resolvido. Cem quilômetros de puro deserto, para onde quer que você olhe é pura pedra e areia, tudo muito inóspito. Quando nos chama a atenção um monumento vermelho em forma de círculo no meio do nada. Paramos para conferir do que se tratava. É um imponente monumento às vítimas da ditadura chilena que foram mortas e enterradas em uma vala comum naquele local. No total 34 obeliscos dispostos em forma circular, onde cada obelisco representa uma vítima e no centro deste templo uma cruz de pedras do deserto onde as famílias homenageiam seus mortos. Este monumento foi erguido em memória daqueles que morreram lutando por seus ideais e para que seu sacrifício permaneça na consciência coletiva da cidade de Calama. Rodamos mais alguns quilômetros e pela quantidade de lixo que começou a aparecer na beira da estrada, deduzimos que a cidade de Calama estava próxima. Somente passamos ao largo da cidade, que mais parecia uma cidade do faroeste e pouco antes de seguirmos rumo a Chuquicamata paramos para abastecer. Dez quilômetros rodados e estávamos em Chuqui (como chamam a cidade por lá) onde se encontra a maior mina de cobre a céu aberto do mundo. Fomos entrando pela avenida e seguindo as placas para a visitação, chegamos a uma cancela onde o guarda nos informa o local para aguardarmos o ônibus que nos buscaria para a visita guiada. Na realidade pairava uma grande dúvida no ar, se haveria ou não a visitação. Antes de viajarmos já havíamos agendado esta visita, porém nos enviaram um e-mail alguns dias antes da nossa partida cancelando a visita por motivos de força maior e assim que estivesse normalizado nos comunicariam, porém isto não aconteceu. Descobri na internet que os funcionários estavam em greve. Busquei mais informações em um escritório próximo do local de espera e ninguém sabia informar nada além de que aquele era o local de saída do ônibus às 14h. Teríamos que aguardar mais de uma hora para a visita, sem ter certeza de que ela aconteceria. Conversamos e decidimos que valeria a pena esperar e se não fosse possível chegar à Iquique, viajaríamos até onde fosse possível, afinal quando estaríamos ali novamente? Procuramos uma sombra porque com as roupas de cordura naquele sol durante mais de uma hora nós literalmente fritaríamos. Acomodados aproveitamos para nos alimentar e hidratar, atualizar o diário de bordo e dar uma lida no guia de viagem. Aos poucos começam a surgir outros turistas que também farão a visita e ficamos mais tranqüilos. Às 14h chega o ônibus, primeiro entram os que haviam agendado por e-mail e nós na torcida para sobrar lugar, mas a sorte estava do nosso lado. Eu entro no ônibus e o Álvaro tem que seguir com a moto atrás de nós até dentro da vila onde é seguro para deixar a moto. É uma cidade toda estruturada com banco, cinema, bares, escola, praças, porém abandonada definitivamente desde 2007, quando seus dez mil moradores foram transferidos para a cidade de Calama por motivos econômicos e sociais. Visitamos o pequeno museu da mina onde apresentam um pouco da história e dos produtos brutos e industrializados de cobre. Partimos para a visita da mina propriamente dita, passam por nós caminhões enormes e a guia informa que é o menor deles, uma camionete ao seu lado parece de brinquedo, tanto que todos os carros “normais” têm uma enorme antena com uma bandeira vermelha na ponta para serem vistas pelos caminhões maiores. Do mirante os enormes caminhões parecem pequenos pontos lá no fundo da mina, onde toda parede é um caracol de estradas sem fim. É algo extraordinário, uma pena que não conseguimos chegar perto de umas destas máquinas para fotografar, pois assim de longe você não tem idéia do tamanho. Valeu a espera com toda certeza! Felizes, pegamos a estrada e depois de alguns quilômetros nos demos conta de que tínhamos passado o acesso à direita que nos levaria a Iquique. Rodamos uns 20 km a mais devido à má sinalização na cidade de Chuqui, e para quem já estava com o tempo curto para chegar ao destino pretendido isso não era nada bom. Abastecemos na entrada de Chuqui e partimos, já passando das 17h. Algumas curvas e muita reta, pouco movimento na estrada. Continua o deserto e o único diferencial é que redes de alta tensão nos acompanham ao longo da via, continuamos na altitude e em alguns pontos começa a cair bastante a temperatura. Quase uma hora rodando e encontramos a pista em obras, por sorte esperamos cinco minutos e nos liberaram para seguir em frente. A temperatura está novamente mais agradável sinal que estamos nos aproximando do pacífico, a planície do deserto vai dando lugar a montanhas rochosas e as retas vão dando lugar as curvas. E após uma destas curvas desvenda-se o mar que será nosso parceiro daqui até Iquique. Entramos em Tocopilla para abastecermos e às 19h estávamos na estrada, com o sol a nossa esquerda refletindo no pacífico, uma bela imagem. Ainda faltavam 230 km até Iquique, no caminho havia pequenas praias com pouca infra-estrutura, nos informaram duas que teriam hospedagem. Resolvemos seguir e decidir no caminho o que faríamos. A ruta 1, rodovia costaneira, é muito bonita de um lado o pacífico e do outro lado montanhas. Ora estamos ao nível do mar, ora estamos com um grande precipício ao nosso lado, em alguns pontos nos afastamos alguns metros e atravessamos túneis por dentro da montanha para do outro lado avistar o mar de cima. Um espetáculo da natureza completo com o sol cada vez mais perto do mar, para fazer a sua despedida em grande estilo neste dia. Chegando numa das pequenas praias que teria hospedagem resolvemos parar e conferir, não havia hospedagem ali, mais adiante teria uma na beira da estrada. Resolvemos seguir até Iquique mesmo sabendo que chegaríamos à noite. A viagem seguia tranqüila, o asfalto era um tapete, até que encontramos outra obra na pista, já eram 21h e faltavam 80 km até Iquique. Aproveitamos para comer uns biscoitos de chocolate e tirar fotos dos últimos raios de sol no pacífico. Depois de 30 minutos de espera aceleramos forte para aproveitar o pouco de luz natural que ainda havia e depois que a noite chegou a viagem seguiu mais tensa, pois não conhecíamos a estrada. Chegamos às 22h, tentamos encontrar um hotel na entrada da cidade de Iquique mas estavam todos lotados pois era época de veraneio. Tentamos vários na avenida beira-mar todos lotados. Informaram que talvez no centro fosse mais fácil obtermos sucesso. O primeiro que encontro está lotado, indicam outro a duas quadras dali, porém é contramão para seguirmos com a moto e sigo a pé. Havia vaga, porém sem garagem. Pergunto se tem outro hotel próximo que tenha garagem e ela gentilmente me indica um a uma quadra dali, onde a proprietária permite que estacione a moto dentro do hotel. Agradeço e vou averiguar se tem vaga, tem e é possível estacionar a moto no corredor dentro do hotel, perfeito. Vou procurar o Álvaro e entramos na Paseo Baquedano, que é a rua de pedestres, com calçada de madeira e construções em estilo georgiano da época de ouro da extração de sal, melhor dizendo, o centro histórico de Iquique, nosso hotel muito bem localizado nesta rua. Para quem já cogitava a hipótese de dormir em algum posto de combustível, estávamos no paraíso. A parte da frente do hotel conserva a construção original em madeira e nos fundos construíram a parte nova dos aptos. Banho tomado e fomos jantar num dos bares badalados do centro histórico, uma volta para algumas fotos e retornamos ao hotel para o merecido descanso quase a 1h da madrugada.

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