08/06/2010

13º dia – 18/01/2010 – Segunda-feira

- Arequipa – PE a Nazca – PE
- 559 km percorridos
- Aproximadamente 9h de viagem
- Consumo: 18,05 km/l
- 4 abastecimentos: (Camaná – PE; Ocoña – PE; Chala – PE; Nazca – PE)
- Hotel: El Mirador

Acordamos às 6h da manhã e após meia hora rodávamos pela cidade de Arequipa tentando encontrar a saída em direção a Nazca, rodamos uns trinta minutos e depois de muita informação desencontrada chegamos à avenida para sairmos da cidade. Paramos no grifo para abastecer e lubrificar a corrente, a pequena loja de conveniência ainda estava fechada e nossa idéia de comprar água e algo para comer, pois não tínhamos tomado café, caiu por terra. Finalmente a viagem iniciou, já com bastante movimento de caminhões entrando e saindo de Arequipa. Na chegada ao pedágio de Uchumayo a polícia abordava todos os veículos que saiam de Arequipa e conferiam os documentos, aproveitamos a parada e compramos água e o pão típico peruano que vendiam ali nas tendas ao lado do pedágio. Pessoas muito simpáticas, curiosas com a moto carregada e sobre a nossa viagem, quando coloco a água no camelbak querem saber como funciona este objeto. Enquanto comemos um pãozinho uma das senhoras coloca algo no esticador do bauleto traseiro, pergunto o que é aquilo e ela me diz que é um regalo (presente) para uma necessidade durante a viagem. Agradecemos, tiramos uma foto e iniciamos a viagem finalmente, pois já eram 7h e 30 minutos. Depois de duas horas rodando uma parada estratégica para comemorar os 20.000 quilômetros rodados com a Catarina II. A moto estava perfeita e ela merecia uma fotografia para eternizar este momento, pois no ano anterior já nos levara até Ushuaia e agora nos levaria até Cuzco, e neste momento estava no meio do deserto peruano a 8 km da localidade de Camaná e de onde veríamos pela primeira vez o pacífico no Peru. Aproveitamos para ver qual era o regalo que continha na sacola, havia dois pacotes de balas que seriam muito úteis em alguns momentos da viagem. De Arequipa até Camaná viajamos em meio ao deserto quebrado em alguns momentos por algum vale verdejante com diversos cultivos junto a um rio e um pequeno vilarejo. A partir de Camaná passamos a ter a visão do oceano a nossa esquerda em vários momentos, mas a direita continuou o deserto onde subíamos e descíamos as montanhas. Em Ocoña o contraste da água doce do rio desaguando no oceano pacífico e completando a paisagem o vale verdejante e o deserto ao fundo, um retrato perfeito. Na estrada em poucos momentos ficamos ao nível do mar, quase sempre era um enorme precipício que nos separava, era um asfalto razoável, pouco movimento. Em alguma parte do trajeto com muitas curvas pegamos um caminhão na subida e quando achamos que as curvas haviam terminado e já começávamos a ultrapassagem surge um carro saindo de mais uma curva, mas com muita habilidade o piloto consegue retornar para a nossa pista e não passou de um grande susto. Um passeio muito bonito, pois havia vários navios pesqueiros ancorados próximo a rodovia num belo contraste com o azul do pacífico. Depois de Chala a areia do deserto fica muito fina e invade a pista, há máquinas trabalhando na retirada da areia acumulada que chega a encobrir as placas de sinalização existentes na beira da via. Por sorte não há muito vento, pois o pouco que tem já traz muita areia e é muito desconfortável viajar desta forma, além do que a pilotagem tem que ser muito cuidadosa. Por sorte foram poucos quilômetros que encontramos com areia e aos poucos nos afastamos do mar, começamos a rodar mais no plano até a nossa chegada a Nazca. Quando estávamos próximos ao aeroporto um senhor abana e pergunta se queríamos fazer o sobrevôo para ver as linhas e nos indica o escritório da agência ali em frente onde poderíamos contratar o serviço. Vamos até lá e contratamos o passeio, nos levam de van até o aeroporto e em menos de dez minutos já nos acomodávamos no avião da empresa Aero Palcazu, eu e o Álvaro, um casal argentino e uma moça israelense e claro o piloto. Após as explicações necessárias começam os solavancos até sairmos do chão, vamos ganhando altitude lentamente e os solavancos continuam no ar, em alguns momentos parece que perdemos força, dá a impressão de que vamos cair, mais um solavanco e voltamos a subir, acho que são as correntes de ar que produzem este fenômeno. No início todo mundo bem e ansioso, tirando foto de tudo, aí uma virada para a direita e começamos visualizando a baleia, uma virada para a esquerda para os passageiros sentados do lado oposto observar também, aí mais um solavanco. Neste ponto o rapaz argentino que estava sentado ao lado do Álvaro pega o saquinho que fica a disposição de quem enjoa e o Álvaro só me olha com o canto do olho e entendo aquele olhar me dizendo: “- era só o que faltava...” Continuamos fazendo acrobacias no ar para ver as linhas que realmente são impressionantes, o Álvaro fotografa bastante, eu somente observo, pois tirar foto me deixa muito tonta. Por sorte nosso irmão argentino ficou só na vontade umas cinco vezes e que nós saímos com o estômago embrulhado lá de cima não restaram dúvidas. Os desenhos são perfeitos, grandes e sem o sobrevôo não há como visualizá-los. Quem tiver oportunidade de fazer o sobrevôo, faça e tire suas conclusões, nós gostamos muito, valeu também pela visão de todo aquele deserto cortado pela via panamericana por onde há poucos minutos nós circulávamos sobre duas rodas e não tínhamos idéia que estávamos tão próximos das linhas. Encontramos um hotel razoável em frente à praça e estacionamos a moto no saguão de entrada onde já havia mais duas motos, uma do americano e a outra do belga, este inclusive conversando conosco constatou a rachadura no disco de freio traseiro da Falcon que não sabemos onde e quando ocorreu. Tomamos um banho, passeamos pela praça da cidade e fomos jantar. Caímos na cama para o merecido descanso, pois na manhã seguinte iniciaríamos o trecho mais difícil da viagem onde enfrentaríamos muita altitude, frio, chuva, rios passando sobre a pista (Informações obtidas nos relatos de quem já fez o trajeto. Estaríamos preparados psicologicamente?). Queríamos chegar a Cuzco, mas sabíamos que seria muito difícil fazer este percurso em um único dia apesar do trajeto ser de seiscentos e sessenta quilômetros é um percurso feito em baixa velocidade devido à altitude e a grande quantidade de curvas. Poucos motociclistas conseguem o feito de completar o trajeto em um dia, resta-nos aguardar e ver como seria nossa viagem.


2 comentários:

  1. Lindo! Lindo! Lindo!
    Que encanto de relato(...senti o vento, a areia e o calor...)emocionante a solidariedade das pessoas que nos acolhem por estas aventuras.
    Um abração...
    Manja

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  2. Ôpa! Parou porque?? O site está nota 10, ótimo, estou apreciando os excelentes relatos e fotos... Ta faltando continuar!
    Abração para vcs desde Belo Horizonte/MG

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