13/05/2010

10º dia – 15/01/2010 – Sexta-feira

- Iquique – CL a Tacna – PE
- 365 km percorridos
- Aproximadamente 9h de viagem
- Consumo: 16,14 km/l
- 3 abastecimentos: (Gasolina reserva; Arica – CL; Tacna – PE)
- Hotel: Gran Hotel Central

Às 9h já passeávamos novamente pelo maravilhoso e bem conservado centro histórico de Iquique e aproveitamos para ver o pacífico de perto e levar um pouco da sua energia para nos dar força para seguirmos nossa viagem novamente por regiões muito secas nos próximos dias. Passeamos, fotografamos, mas era hora de pegar a estrada, abastecer a moto e providenciar gasolina reserva, pois teríamos 300 km pela frente sem postos de abastecimento em locais totalmente desertos. Sair da cidade deu um pouco de trabalho por falta de sinalização, nestas horas é que lembramos a falta que faz um GPS. Uma vez no caminho certo começamos a ganhar altitude logo na saída da cidade subindo a Duna Cerro Dragón com 350m de altura a maior do Chile. A cidade vai diminuindo a cada curva que fizemos e lá no céu surgem vários parapentes voando e colorindo o céu de brigadeiro da região. Nos 50 km que nos separavam da próxima atração que visitaríamos, havia muitos altares na beira da via homenageando santos ou pessoas que perderam suas vidas nesta estrada em meio ao deserto. Pouco depois do meio dia chegávamos à cidade fantasma de Humberstone, uma oficina de salitre que iniciou suas atividades em 1872 e encerrou suas atividades em 1960 ficando a cidade abandonada e em 2005 foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade. A maioria de seus prédios encontra-se com suas características originais, como o teatro com suas antigas poltronas de madeira, a piscina feita totalmente em metal, assim como as instalações industriais e as casas da vila. É uma sensação estranha caminhar naquele local totalmente abandonado há cinqüenta anos e que devido à escassez de chuva na região ele pernanece conservado. Fiquei pensando em tudo o que deixou de acontecer por lá em todos esses anos e onde deveriam estar os seus habitantes e descendentes. Em meio a estes pensamentos e muitas fotografias quando vimos já eram duas horas da tarde. Pegamos a estrada e após poucos quilômetros tivemos que pegar um desvio de rípio, pois a via estava sendo restaurada, sorte que o rípio estava bem compactado e foram somente alguns quilômetros. Depois de meia hora rodando, paramos no vilarejo de Huara para almoçarmos o menu do dia, uma sopa de verduras como entrada e uma carne com batatas como prato principal, uma delícia e muito barato no restaurante La flor de Huara. Aproveitamos a sombra do estacionamento do restaurante para esvaziarmos uma das três garrafas pet que abastecemos com gasolina em Iquique para aliviar o peso na traseira da moto e seguimos viagem. Daqui em diante somente deserto, ora no altiplano, ora descendo até um vale verdejante nas margens de algum rio e novamente subindo por montanhas de pedra e areia. Mas o deserto sempre nos reservando alguma surpresa como as nuances de suas tonalidades e um corte diagonal na montanha para subir quase que ao seu topo, onde gradativamente se ganha altitude. Mas uma estrada bastante perigosa, com muitas curvas e grandes precipícios e muitas vezes sem proteção alguma na beira da via. No quilômetro 211 da ruta 5 uma nova parada para esticarmos o corpo e abastecermos a moto com o restante da gasolina reserva. Chegamos a Arica por volta das sete horas da tarde, paramos para abastecer na entrada da cidade, comemos um picolé e seguimos até a fronteira passando ao largo da cidade. Na imigração pouco movimento, esperei chegar a minha vez. No guichê me pedem a relação de passageiros, informei que não tinha este formulário. Então tive que subir ao segundo pavimento e comprá-lo na cafeteria, não sei por que não o vendem ali mesmo nos guichês. Tudo preenchido e retorno para a fila que havia aumentado um pouco e em vinte minutos estávamos liberados, tudo muito tranqüilo. Obrigado pela boa acolhida e até a volta. Alguns metros rodados e uma parada obrigatória para a foto da placa de bem vindos ao Peru. O prédio da imigração peruana é bem estruturado, a burocracia da imigração é bem rápida, pois o guarda muito prestativo na porta já orienta a todos que entram. Depois começa o calvário, é a parte da aduana, pois são necessários cinco carimbos na papelada, feitos em setores diferentes. A parte burocrática ficou sempre por minha conta, porém aqui o Álvaro pessoalmente teve que correr atrás de todos os carimbos, enquanto eu já o aguardava próximo a saída. Rezei para ele ter bastante calma e resolver tudo com tranqüilidade, pois nestas horas não adianta se alterar. Enquanto aguardava aproveitei que havia um quiosque do setor de turismo peruano com folders e peguei informações das principais cidades por onde passaríamos. Fiquei impressionada, pois não me lembro de outra aduana que tivesse uma estrutura assim com tanta informação turística na entrada do país. Enquanto aguardo vem um senhor conversar comigo, pergunta se viajo sozinha de moto, de onde somos, que locais visitaremos, quantos dias ficaremos no país. Sugere ficarmos mais dias em Tacna, pois a muita atração para conhecer lá, pergunta por que não retornamos pela rodovia transoceânica e lhe digo que era nossa intenção inicial, mas que precisaríamos de mais dias de férias para conhecer esta nova rodovia, pois seria uma volta muito maior. Antes de se despedir e desejar uma boa estadia em seu país ele se apresenta sou Martín Pérez Monteverde ministro do turismo peruano e então entendi porque havia tanta movimentação em volta. Instantes depois chega o Álvaro e lhe conto a história, já me questiona por que não reclamei de tanta burocracia para entrar no país, pois estava no limite de sua paciência e todo o processo do lado peruano levou quarenta minutos. Chegamos a Tacna em meia hora, o trânsito era uma amostra do que enfrentaríamos nas cidades peruanas daqui em diante, a preferência é de quem chegar primeiro ou buzinar mais alto, uma loucura. Peguei referência de hotéis e um mapa da cidade na imigração, havia muitas ruas estreitas e de mão única, então sai a pé para procurar e não precisarmos dar tantas voltas. Encontrei o hotel, muito bom e um preço muito acessível. A moto estava à meia quadra da entrada da garagem, porém era contramão. Chegando onde o Álvaro estava encontro ele conversando com um senhor que é radialista esportivo e já veio várias vezes ao Brasil, disse ele, não tem problema seguro o trânsito para manobrar a moto e vais pela contramão mesmo e assim fizemos. Deixou-nos no hotel e recomendou cuidados especiais conosco, pois era amigo do proprietário. Banho reparador tomado e fomos trocar dinheiro e jantar, onde tivemos o primeiro contato com a coca-cola em temperatura ambiente.  Uma volta na praça e caímos duros naquela cama maravilhosa para o merecido descanso.

4 comentários:

  1. Lindas as fotos e o relato..já definimos nossa próxima viagem.. justamente Peru e Bolívia.. em 2012...
    Abraços para vcs!
    Larisse

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  2. Credo!!realmente tudo a ver com uma cidade fantasma e tb lembras o velho oeste!!mas bem conservado mesmo!!

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  3. Que maravilha!!! Ao ler os relatos sinto a emoção da experiência e a preocupação dos viajantes para que tudo de certo.
    Abraço para os amigos.
    Manja, Serra e Lili

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  4. Oi, Álvaro e Adelaide! Essa passagem me interessou muito, a aduana, hahaha!!! Quando formos para lá, também precisarei rezar para ter paciência! Se tiverem alguma dica para me passar, eu agradeço. Abraços.

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