12/04/2010

6º dia – 11/01/2010 – Segunda-feira

 Tilcara – AR a San Pedro de Atacama – CL
- 478 km percorridos
- Aproximadamente 9 horas de viagem
- Consumo: 15,83 km/l
- 2 abastecimentos: (Passo de Jama – AR e San Pedro de Atacama – CL)
- Hotel: Hostal Puritama

O Relato do 6° dia da viagem foi feito pela Adelaide. Ficou ótimo:
Pegamos a estrada cedinho, antes mesmo do café no hostal. Paramos no YPF da entrada da cidade para encher as garrafas pet, pois a partir de agora na altitude a tendência da moto seria consumir mais combustível em função de ser carburada. Para resolver o problema seguimos a orientação buscada em fóruns especializados (Falcon Online) e com outros motociclistas experientes de retirarmos o snorkel do filtro de ar para melhorar o seu rendimento com a entrada de mais ar para combustão. Tomamos o desayuno e estávamos prontos para seguir viagem. Poucos quilômetros rodados e chegamos a Purmamarca, já avistando o Cerro de Siete Colores, sua maior atração, antes da entrada da cidade. Uma montanha com sete faixas de cores, formada de sedimentos acomodados umas sobre as outras ao longo de milhões de anos, um espetáculo da natureza. Uma parada para fotos, contemplação e um passeio na praça onde já acontecia a exposição de artesanato e voltamos para a estrada. Estávamos a 2600 m.s.n.m. e iniciamos a subida pela Cuesta de Lipán que vai serpenteando as montanhas até os 4170 m.s.n.m. em menos de 50 km de percurso. É impressionante a engenharia destas estradas, vai-se subindo as montanhas em ziguezague, um cotovelo após o outro e quando achamos que é o topo, aparece mais uma etapa para ser vencida. Perdi a conta de quantas curvas fizemos, mas em compensação a vista é magnífica. Temos a impressão de poder tocar as nuvens, tamanha a proximidade em alguns pontos. O dia estava perfeito com sol e céu azul. Poucos metros antes do ponto mais alto desta Cuesta a moto deu seu primeiro estouro no cano de descarga, estava sofrendo um pouco pela altitude. Subimos muito bem, tanto nós como a moto, que não acreditei já termos alcançado o ponto mais alto tão tranquilamente. Nós usávamos as folhas de coca desde a saída de Tilcara, mesmo não sabendo se teríamos algum problema com a altitude, mas não queríamos arriscar. Deixar de curtir qualquer parte deste trajeto maravilhoso por uma dor de cabeça, nem pensar. Parada obrigatória para fotos e a compra de um artesanato em pedra que vendiam ali. Agora era chegada a hora de descer a montanha em caracoles e de longe já avistamos as salinas grandes, uma lagoa que secou e converteu-se numa enorme extensão salgada de mil e quinhentos quilômetros quadrados. Para onde se olha é um branco intenso, paisagem quebrada somente pela ruta que corta o local. Lá encontramos artistas que fazem maravilhosos trabalhos em sal, desde pequenos objetos de decoração até blocos maciços para a construção de casas. Trabalham usando uma máscara parecida com a nossa balaclava e com óculos escuros para se protegerem do vento, da salinidade e do sol. A superfície é tão compacta em alguns pontos que é possível andar de carro, moto sobre ela. Muito interessante. Seguimos viagem encantados com tudo que já tínhamos visto neste percurso e nem sabíamos ainda o que nos aguardava. A paisagem fica bastante desértica, mas muito bonita. Próximo a Susques novamente começamos a subir e mais alguns caracoles a vencer. A moto começa a perder um pouco da potência, pois avançamos na altitude, seguimos em ritmo de passeio, perfeito. Entramos na cidade para almoçar e ver se abastecemos ou tocamos a viagem assim, pois tínhamos a nossa reserva. A cidade é minúscula, tem uma energia muito boa com suas casas de adobe e sua avenida arborizada. Pedimos algumas informações e seguimos mais um pouco pela ruta e almoçamos no hotel El Unquillar, descansamos, retiramos os forros térmicos das roupas, e retornamos a estrada. Alguns quilômetros e encontramos o posto de combustíveis ao lado de outro hotel e restaurante com vários motociclistas reunidos lá. Estavam retornando de San Pedro de Atacama, conversamos um pouco, trocamos informações sobre o estado da estrada, do tempo e dos postos de abastecimento. Disseram que estava muito frio após o Passo de Jama e para tocarmos, pois o vento lateral à tardinha aumentaria muito. Como informaram que havia combustível no YPF do passo de Jama, seguimos sem abastecer. Pouco mais de cem quilômetros, com um asfalto muito bom chegamos à fronteira. Os trâmites foram rápidos apesar de bastante movimento de pessoas entrando ou saindo da Argentina. Tomamos um chá de coca e a estrada já nos chamava para entrarmos no Chile. Rodamos alguns metros e parada obrigatória para a foto na divisa dos dois países. Obrigada Argentina por nos tratar tão bem. Chile o que nos espera? Mais cento e sessenta quilômetros até San Pedro e uma paisagem de cair o queixo. A vegetação com uma cor dourada num contraste com o céu azul magnífico. Formações rochosas muito interessantes, uma pista bastante sinuosa e novamente subimos e descemos. E o frio que nosso amigo motociclista comentara já se fazia presente. Um frio bastante intenso, mas resolvemos seguir viagem sem colocar as roupas térmicas até onde suportássemos. Um tapete o asfalto chileno. Seguimos nos encantando com o que a natureza nos apresentava a cada curva: guanacos, flamingos e outros mais. De repente as curvas ficam para trás e a estrada segue em linha reta e a nossa direita vai se desenhando um pico, será um vulcão? Vamos nos aproximando e realmente é o vulcão Licancabur com seus 5916m de altitude, porém sem um vestígio de neve em seu cume. Nem por isto menos imponente e majestoso. Mais alguns quilômetros e com uma temperatura mais agradável, estávamos chegando à aduana em San Pedro de Atacama. Trâmites razoavelmente rápidos, avaliando que havia um funcionário para fazer a imigração. Que ansiedade para entrar na cidade. Devagar vamos desvendando um pouco de seu encanto, paramos na praça onde funciona a informação turística, porém estava fechada. Sigo a pé para pegar informações com um policial no centro da praça, ele muito gentil e solícito até nos permite passar de moto pela rua Peatonal, onde não é permitido o trânsito de veículos. Vamos para a rua principal a procura de hospedagem, há muita opção na cidade, mas várias estavam lotadas. Passei numas seis e achei uma ótima opção, Hostal Puritama, com cabanas e banho privativo, excelente. Os preços da cidade estavam bastante inflacionados devido à grande procura de turistas europeus. Instalamo-nos, tomamos um bom banho (não antes do Álvaro se estressar, pois ocorreu um problema na energia bem no momento que se ensaboava, mas logo resolvido) e saímos para conhecer um pouco a cidade e comemorar a bela viagem do dia com um belíssimo jantar e uma cerveja. No retorno ao hostal ainda contratamos o passeio aos Geiseres del Tatio para a madrugada seguinte. Dia e viagem perfeitos.

4 comentários:

  1. Amigos... esse dia para a gente tb foi muito especial... legal relembrar através do relato de vcs...ficamos no mesmo hotel!

    Abraço das pessoas...

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  2. Que legal, agora lendo e tendo tb idéia como são as estradas da Argentina, nossa aventura é mínima comparada com a de vcs!Mas peatonal tb tinha em Rosario e agora tb conheço os YPF, alguns bem completos outros mais simplesinhos!è que o nosso meio de locomoção as vezes atrapalha e as vezes é mais favorável que o de vcs!!Mas é bom viajar, né???

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  3. QUE FOTOS LINDAS!!TDO MUITO RÚSTICO, AGRESTE,NÉ??BEM DIFERENTES DAS MINHAS!!!UM ABRAÇÃO!!!

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  4. Agora que terminou um dos meus cursos estou conseguindo ler o relato novamente! Muito bom e lindas as fotos. Tô escutando um som do Moby e parece que estou viajando com vocês, hehehe!!! Abraços. Evandro

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