31/05/2010

12º dia – 17/01/2010 – Domingo

- Passeio ao Cañón del Colca
Às 2h e 45minutos (horário peruano) nos pegaram na pousada, já havia algumas pessoas na camionete e ainda fomos pegar outras, um casal inclusive não respeitou o horário combinado e atrasou em quinze minutos a saída. Estava uma escuridão total, teríamos uma viagem de três horas até a cidade de Chivay onde serviriam o café da manhã e iniciaria o passeio propriamente dito. Apesar de termos dormido seis horas elas não foram suficientes para permanecermos acordados durante a viagem, somente acordei num determinado ponto com fortes solavancos, não sei se a estrada estava em obras ou se pegamos algum trecho de estrada de terra, mais pedras que terra, e após apaguei novamente. Acordei quando começamos a descida em caracóis na montanha, o dia começava a clarear e lá embaixo pequenina surgiu à cidade de Chivay. Tivemos que aguardar alguns instantes, pois o pão do nosso café estava atrasado, mas valeu à pena estava ótimo. Em compensação o suco de papaya provocou um susto no Álvaro, pois era feito com água quente e muito ruim. Enfim começamos a rodar em meio a pequenas localidades dentro do Valle Del Colca, a primeira visita foi em Yanque onde na praça central as crianças apresentam danças com suas vestimentas típicas. O artesanato têxtil fica exposto no chão da praça e para quem quiser tirar fotos há uma lhama e uma águia domesticadas, claro que mediante um pequeno agrado financeiro, pois sem este agrado as mulheres cobrem o rosto no momento da foto. A igreja, que fica em frente à praça, muito bela está com o seu interior em restauração e na cidade há várias construções de adobe. Estamos em meio a montanhas e com a chegada do sol a temperatura fica mais agradável. Seguimos até o vilarejo de Maca e visitamos a igreja de Santa Ana, aqui há menos infra-estrutura turística, mas muito interessante. No caminho para Cruz del Condor que está a 3400 m.s.n.m. fazemos uma parada para admirarmos o sistema de plantação agrícola peruana que vista de cima parece uma obra de arte, com a engenharia de terrazas pré-incas aproveitam toda inclinação possível na montanha. Seguimos até o mirante do cañón del condor, este cañón é o segundo maior do mundo com uma profundidade de 3180 metros e uma extensão de 100 quilômetros. Conforme nos aproximamos víamos a neblina tomando conta de todo cañón, e agora? O encontro com o condor, que é nosso símbolo nesta viagem, seria possível? O condor é a maior ave voadora do mundo e a que tem a terceira maior envergadura de asas do mundo com três metros de ponta a ponta. Batemos algumas fotos do local e do pouco que conseguimos ver é espetacular, o cañón é uma formação geológica causada por uma falha na crosta terrestre. Esperamos e em alguns momentos a neblina dava uma pequena trégua e conseguíamos enxergar o rio Colca lá no fundo do vale e aí ela ficava mais densa novamente a ponto de não destinguirmos onde terminava a neblina e começavam as nuvens. Após uma hora aguardando resolvemos seguir para outro mirante mas também não conseguimos ver o condor. Não foi desta vez que Deus permitiu este encontro, com certeza será em outra oportunidade quando voltarmos a região que é muito bonita e vale outra visita. Mais uma parada para vermos o artesanato dos nativos exposto na beira da estrada e seguimos para as termas de Chacapi para um banho termal. Seguimos à Chivay onde almoçamos, havia muita variedade de iguarías típicas, algumas muito gostosas. Durante o almoço tivemos mais tempo para conversar com o casal colombiano Alex e Sandra moradores de Cali, gente finíssima, que fizeram o passeio conosco. No retorno paramos em um mirante com 4910 m.s.n.m de onde se avista o pico de sete vulcões, o mais alto deles é o Nevado Ampato com 6288 metros, porém não enxergamos nada a nossa volta devido a presença da nossa amiga neblina. Neste local conhecemos uma lhama com dois dias de vida, uma fofura. Mais adiante uma breve parada na Reserva Nacional Aguada Blanca habitat de vicunhas e lhamas. Fazia um frio terrível, somente batemos algumas fotos dos animais pastando com alguma neve ao fundo e voltamos para a camionete. Chegamos em Arequipa por volta das seis horas, tomamos um banho e saímos para jantar e brindamos o belo passeio tomando uma cusquena. Retornamos a pousada pois precisávamos dormir cedo, o passeio além de belo também foi cansativo e a manhã seguinte retornaríamos a estrada rumo a Nazca.



17/05/2010

11º dia – 16/01/2010 – Sábado

- Tacna – PE a Arequipa – PE

- 389,4 km percorridos

- Aproximadamente 5h de viagem

- Consumo: 16,36km/l

- 2 abastecimentos: (Moquegua – PE; Arequipa – PE)

- Hotel: Hostal La Posada Del Characato

Dormimos até mais tarde neste dia, enquanto juntava a nossa bagagem o Álvaro ajustou e lubrificou a corrente da moto. Tomamos o café que deixou a desejar e seguimos para um posto de combustível. Aqui no Peru vendem a gasolina por galões e não por litro, cada galão corresponde a quatro litros de combustível, mais cálculos a serem feitos para vermos o consumo da moto. Saímos do posto por volta das 12h no horário brasileiro, mas no horário peruano há uma diferença de duas horas a menos em relação ao nosso horário, quando estamos no horário de verão a diferença é de três horas, ou seja, saímos as 9h. Pegamos as coordenadas para tentarmos sair da cidade, que não foram muito claras, e depois de circularmos um tempo disse ao piloto que estávamos indo na direção errada, pois o que me lembrava como referência, era subir a montanha e cada vez mais nos afastávamos dela. O piloto já estava com o nível de estresse bem alto, devido à falta de sinalização e ao trânsito caótico. Paramos junto a um ponto de táxi e confirmamos a suspeita, direção errada, voltamos quase todo o trajeto que havíamos percorrido, pois a parte obscura na explicação era o contorno em uma rótula que deveríamos ter feito. Mais adiante paramos novamente para ver se era o caminho correto e pedimos informação a outro taxista, ele gentilmente pediu para o seguirmos, pois estava levando uma passageira para aquela região e quando fosse o momento de seguirmos à direita nos sinalizaria. Não foi tarefa muito fácil seguir o taxista, mas finalmente estávamos no caminho correto e cada vez mais convictos que daqui em diante sentiríamos a falta do GPS devido a má sinalização nas cidades. Tacna está a 562 m.s.n.m. e Arequipa está a 2.335 m.s.n.m. , ou seja, ganharíamos altitude daqui em diante. Subimos a montanha e depois de alguns quilômetros rodando num asfalto regular, não era mais o tapete chileno a que nos acostumamos a rodar, nos vislumbrávamos com o deserto peruano. Algumas curvas, muitas retas, pouco movimento na estrada, mas sempre com a aridez nos acompanhando. Faltando alguns quilômetros para a cidade de Moquegua começa um vale verdejante com muitas plantações de pasto e criação de gado. Chegamos ao acesso onde a esquerda seguiríamos até Arequipa, mas precisávamos abastecer, então seguimos reto para Moquegua. Por sorte não rodamos um quilômetro e encontramos um posto sem precisarmos entrar na cidade. Voltamos ao nosso caminho, curvas, retas e um asfalto em ótimas condições. Chama-nos a atenção umas tendas feitas de palha, um material parecido com as nossas esteiras de praia, construídas na beira da estrada. Às vezes uma aqui outra acolá, às vezes uma grande concentração delas. Não descobrimos se servem de abrigo para trabalhadores ou se são residências fixas, lembram um pouco as favelas brasileiras. Mais adiante na beira da estrada há demarcações, como se fossem a divisão de lotes de terra, feitas com pedras e em alguns “lotes” há alguma pequena construção ou até mesmo uma cabana de palha construída. Não sei se é uma invasão de sem terras como aqui no Brasil ou se há algum projeto futuro para a instalação de alguma cidade no meio do nada. Mais um tempo passeando e nos deparamos com um fusca azul que havia capotado não fazia muito tempo, pois a polícia ainda estava por lá. Este foi o único acidente que vimos em toda a viagem. Daqui em diante o deserto fica mais colorido, com várias nuances e mais adiante encontramos outro vale verdejante. Vamos subindo novamente, há um pequeno povoado na margem da estrada, vários quilômetros só com o colorido do deserto nos acompanhando, passamos por vários túneis e agora um aglomerado de cabanas de palha ainda mais parecido com uma favela. Próximo ao acesso para Nazca à esquerda ou Arequipa seguindo reto, o asfalto estava em restauração, onde o pneu da moto quase não tinha aderência nos quilômetros que se sucederam de asfalto raspado, muita tensão. Seguindo para Arequipa o asfalto melhora, porém a velocidade diminui consideravelmente, pois a muitos caminhões na estrada, em alguns pontos chegamos a parar e andam tão grudados uns aos outros que fica difícil de ultrapassar. Nas estradas peruanas há vários pedágios, porém as motos não pagam, pois utilizam aquele desvio lateral e em alguns deles o acesso de entrada e saída é bastante estreito dificultado a passagem com os bauletos laterais. Para chegar ao centro da cidade é um pouco complicado, somente pedindo informações, pois Arequipa é a segunda maior cidade do país e também falta sinalização, acho que é regra nas cidades peruanas. Chegamos a Plaza de Armas, estacionamos na calçada lateral da catedral e fui ao centro de informações turísticas em frente a praça para pedir informações sobre hospedagem e passeio ao Cañón del Colca. Fomos a procura do hotel, bem discreta a sua fachada, tanto que se não tivesse o endereço e folder em mãos não diria que ali ficava um hotel. Olhei as instalações, porém me disse que não havia garagem. Mas não foi esta a informação que me passaram no centro de informações, inclusive a moça telefonou para a proprietária perguntando se poderíamos deixar a moto no corredor do hotel e ela havia confirmado esta possibilidade, inclusive o valor que me passaram era inferior ao que me pediam na hora. Expliquei-lhe a situação e depois de um telefonema estava tudo resolvido. Porém ainda tínhamos que colocar a moto para dentro do hotel onde havia um degrau de uns trinta centímetros. Tiramos todos os bauletos e com a ajuda do senhor do hotel conseguimos erguer a moto e ela ficou literalmente hospedada por dois dias no final do corredor. Ele pergunta se já compramos o boleto para o passeio ao Cañón del Colca, pois poderíamos comprar ali com ele. Ótimo, fechamos o pacote e viriam nos buscar no hotel de madrugada. Tomamos um banho e fomos para a praça de armas para aproveitarmos ainda a luz do dia. Uma praça bem cuidada, florida e onde a população local aproveita para passear com a família, com prédios coloniais de arquitetura espanhola em toda a sua volta. Arequipa tem o apelido de Cuidad Blanca devido as várias construções na cor branca feitas de silliar, uma rocha vulcânica típica do lugar. A catedral foi construída em 1612 e parte foi reconstruída três vezes devido a um incêndio em 1844 e a dois terremotos em 1868 e 2001, o seu interior é todo decorado com peças vindas da Europa, um beleza ímpar. A noite foi chegando e fomos jantar em uma rua próxima, num ótimo restaurante dentro de um shopping de mesmo nome El Ekeko. Lá tomamos a melhor limonada de nossas vidas, a comida estava ótima e o local tem uma decoração fantástica. Retornamos à praça, agora toda iluminada e com um ar totalmente diferente, muitas fotos. Aproveitamos para fazer um passeio em um ônibus de dois andares que percorre a  cidade por uma hora e retorna a praça. Voltamos ao hotel, pois deveríamos acordar cedo (madrugada), para rumarmos ao Cañón del colca e de lá, se Deus ajudasse visualizar o vôo dos condores.