25/10/2010

23º dia – 28/01/2010 – Quinta-feira

- Arica – CL a San Pedro de Atacama – CL
- 680,5 km percorridos
- Aproximadamente 8h de viagem
- Consumo: 15,36 km/l
- 6 abastecimentos: (Gasolina reserva; Pozo Almonte – CL; Oficina Victoria – CL; Gasolina reserva; Chuquicamata – CL; San Pedro Atacama – CL)
- Hotel: Hostal Puritama

Acelerando forte
O trecho de Arica até a estrada que dá acesso a Iquique já nos era familiar. No início muita subida e descida em meio às coloridas montanhas desérticas. Lindo. Alguns vales verdejantes e muitas curvas. Após a localidade de Huara havia o trecho onde estavam restaurando o asfalto e para nossa surpresa o desvio de rípio estava bem mais extenso em relação ao que enfrentamos quando passamos por ali alguns dias atrás. Neste trecho a moto apaga por falta de gasolina, faltando uns quinze quilômetros até a localidade de Pozo Almonte onde abasteceríamos (Ela já rodava somente no bafo da gasolina). Por um litro de gasolina tão somente, nós tivemos que iniciar a operação abastecimento com a gasolina reserva e torcer para não passar nenhum carro e levantar muito pó (Ossos do ofício para quem gosta de moto viagem, onde a autonomia da motocicleta exige de nós cuidado redobrado). Tínhamos gasolina reserva, pois sabíamos da necessidade desta parada. Se o piloto tivesse aliviado um pouco a mão no acelerador talvez tivéssemos chegado, mas como queríamos avançar o máximo possível a cada dia, acelerar era necessário. Pozo Almonte é uma cidade pequena, mas com alguma estrutura de hotéis e restaurantes. A estrada, ruta 5, se transforma na rua principal da cidade. Abastecemos a moto e a garrafa pet que havíamos esvaziado a poucos quilômetros atrás. O frentista nos alerta que no Chile é proibido levar gasolina reserva desta forma e nos dá dois conselhos. Primeiro: colocar uma sacola plástica em volta da garrafa para não ficar tão a vista. Segundo: abastecermos com a gasolina reserva antes de Quillagua, onde passaríamos por um controle fronteiriço regional e lá confiscariam a gasolina se a vissem. Comemos um picolé para amenizar um pouco o calor e em seguida voltamos à estrada. A partir de agora o trajeto era novo para nós, mas definitivamente era uma planície quase monótona se compararmos a paisagem da ruta 1 onde tínhamos a companhia do pacífico. Passamos pelo Salar de Pintados, mas ele não era branco como o que vimos no Atacama e na Argentina. Chegando a Oficina Victoria distante apenas 56 km abastecemos novamente, pois depois seriam 250 km sem abastecimento. Pouco mais adiante passamos pelo salar de Llamara, mas mais parecia uma terra onde haviam passado um arado preparando a terra para o plantio, pois era muito diferente e estranho este relevo. Em alguns pontos próximos a estrada avistávamos buracos profundos onde se enxergava um pouco de sal, mas achei um perigo no caso de alguém sair da estrada e cair num daqueles buracos. Para nos distrair de vez em quando surgia um redemoinho de areia lá ao longe. Algumas curvas e um pouco de descida para tirar a monotonia da estrada e após uma destas curvas estávamos próximos ao posto fronteiriço de Quillagua. Paramos para esticar as pernas e abastecermos com a gasolina reserva. No posto, parada obrigatória, pois é necessário carimbar um papel que será entregue na cancela de saída. Carimbaram o papel e nem foram olhar a moto, muito tranqüilo. O asfalto daqui em diante ficou precário e continuava uma linha reta, enxergávamos alguns picos mais elevados ao longe. Alguns quilômetros antes de sairmos da ruta 5, nós passamos por um local que chama muito a atenção do Álvaro desde que o conheço. Quem não o conhece pode achar estranho, mas como ele é um amante de história, acho natural. Um cemitério muito antigo na beira da estrada, no meio do nada, sem sinal de algum povoado por perto. Com todo calor senegalês que fazia ele parou a moto e foi tirar algumas fotos e conferir de perto os túmulos de madeira envelhecidos, que compunham com a paisagem desértica e desolada um cenário de faroeste. Após esta parada inusitada, seguimos viagem e em instantes dobramos a esquerda rumo a Chuquicamata, e muito suavemente fomos ganhando altitude na estrada já conhecida por nós. As redes de alta tensão foram nossa companhia até próximo a Chuqui, onde paramos para abastecer. Na entrada de Calama a sinalização é precária, quase não existem placas indicando a direção para San Pedro de Atacama. Vejo uma pequena placa próxima a sinaleira e peço para o piloto seguir naquela direção, porém rodamos um bocado e só surgem placas indicando que o aeroporto ficava naquela direção. Quando surge uma placa com o número da rodovia, aviso-o que acredito não ser a estrada certa. Mas como num passe de mágica, depois de ouvir muita reclamação do piloto, afinal era eu que havia indicado o caminho, coisa que sempre o deixa irritado, surge uma placa enorme com a direção para San Pedro, sendo necessário pegar uma alça de acesso e passar sob um viaduto para entrar na estrada correta. Que alívio! Até San Pedro foi um pulo e chegamos cedo na cidade, pois ainda tinha sol. Fomos ao hostal onde ficamos hospedados dias atrás e a atendente logo se lembrou de nós. Tomamos um banho e comemos umas deliciosas empanadas de carne que vendiam no armazém próximo ao hostal. Fomos passear pela cidade e ver quanto as agências estavam cobrando pelo passeio ao salar de Uyuni. Achamos que haveria a opção de um dia de passeio, mas estávamos enganados. Somente havia a opção de quatro dias, três dias para conhecer o salar e um dia para retornar a San Pedro. Achamos bem razoável o valor que estavam cobrando e ficamos tentados a fazer o passeio. Fomos caminhar um pouco e pensar na melhor opção. Passei numa casa de câmbio para comprar pesos argentinos e somente tinham cem pesos para vender e na outra casa não aceitavam reais para o câmbio e como estávamos com poucos dólares deixei para resolver esta situação na Argentina. Fomos jantar num belo restaurante e deixamos para lá a idéia que nos tentava de visitar Uyuni partindo de San Pedro, pois estávamos exaustos. Fomos dormir logo após o jantar, pois na manhã seguinte teríamos mais estrada e fronteiras pela frente.

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